29 novembro 2010

Um outro nós. 4º Capítulo

Era uma hora da tarde quando Annie tocara a campainha da casa dos Fraser, pai de Martin, Carl, que atendera, tinha uma aparência rude, e um olhar frio, os olhos eram idênticos ao de Martin, assim como a pele clara, vestia uma camisa de botões surrada, e uma calça desbotada. Carl olhou para Annie dos pés à cabeça, fazendo-a ficar constrangida com o tal.
- Em que posso ajudá-la? – Havia uma voz rouca e um pouco enrolada, como se tivesse bebido logo após o almoço.
- Moro aqui do lado, vim ver como está Martin. – Logo chega a mãe de Martin, estava de avental, e um vestido floral.
- Carl, ela é a nossa nova vizinha, estuda junto com Martin, deixe-a entrar, ela está preocupada. – Faby aparentava estar cansada, Carl não tirava os olhos de Annie, e deu um passo para trás deixando Annie entrar, logo fecha a porta por trás, e volta a sentar-se no sofá ali próximo, colocando os pés sobre a mesa de sala que havia na frente do sofá. Faby acompanha caridosamente Annie até o quarto de Martin, mostra a porta que estava fechada, mas não a abre, desce as escadas e deixa Annie ali, bate a porta, e pôde ouvir o som da música que Martin estava escutando, sabendo que ele não ia ouvir as batidas, Annie abre a porta, Martin estava sem camisa na frente do espelho, com lágrimas escorrendo, quando Martin a percebera tentara esconder seu corpo, sem sucesso, ficou parado, olhando horrorizado para Annie, ela pôde ver as marcas no corpo dele, como se tivesse sido surrado por brutos-montes, vários deles.
- Martin... – Não sabia o que dizer, e ficou olhando-o.
- É... Não sei como lhe explicar. – As lágrimas escorriam, pingando ao chão, Annie viu que havia também um roxo em seu olho esquerdo, e um corte na boca. Ela fecha a porta pensativa, e com a mão ainda na maçaneta solta um olhar à Martin, que sem jeito abaixa a cabeça e começa a soluçar, Annie se apressa a abraçá-lo, sem nem entender o que havia acontecido, mas sabia que agora não era o momento de explicações, apenas o colocou sentado à cama, e pôs a confortá-lo em seu colo, Martin não parava de soluçar, soube o motivo da música no som alto, ficaram alguns minutos assim, até que Martin parasse de soluçar, e se pôs sentado novamente.
- Desculpe te assustar assim, é... – Martin tentara se desculpar, mas logo Annie o cortara.
- Está tudo bem, não é problema para mim, ia ser muito pior se você ficasse aqui sozinho. - Martin lhe solta um sorriso de agradecimento.
- Não quer saber o que houve? – Martin a pergunta, com olhar distante.
- Quero, quando você se sentir confortável em me contar. – Annie estava preocupada com Martin, nunca vira alguém com tantas marcas assim. Martin a lança um olhar forte, e veste uma camisa branca com gola V, escondendo as marcas, pôs seu tênis também branco, pegou seus óculos.
- Vamos sair daqui, vamos à praça, não sei, mas vamos sair daqui. – Estava quase suplicando à Annie, que logo pôs a andar atrás de Martin, desceram as escadas, o sofá que Carl estava sentado estava de costas para as escadas, Martin parou para visualizar a cena, seu pai com os pés sobre a mesa de sala, com um cigarro na mão, e um copo de uísque na outra, sua mãe estava varrendo.
- Mãe, vou sair com Annie. – Falou sussurrando para Faby, que o olha com ar de preocupação , e solta um olhar para Carl com medo, Martin olha forte para sua mãe, chama Annie e vai em direção a porta, abre-a e deixa Annie passar.
- Aonde você vai? – Carl o pergunta, num tom grosseiro. Martin o olha com raiva.
- Para a puta que o te pariu. – E Annie pôde ouvir o estrondo da porta batendo, Martin a pega com delicadeza no braço e vão saindo às pressas, ela ouviu Carl gritando lá de dentro, mas não conseguiu entender o que dizia. Chegaram do outro lado da rua, e Martin pôs seus óculos, e logo suas mãos no bolso da calça, andava com pressa. Annie não se deu o trabalho de perguntar o motivo de tudo aquilo, pois sabia que havia ligação, e logo iam chegar à praça e ele ia lhe explicar, então lembrou Jordan, e que ela estaria na praça logo às três horas.
Chegaram à praça eram duas horas, tinham tempo de conversar muito ainda.
- Martin antes de começar, preciso te contar uma coisa. – Annie foi logo falando. Martin ficou quieto, esperando ela começar. – É sobre a Jordan...
- Eu sei, eles vão estar aqui às três horas, certo? – Martin estava sério, Annie o olhava, confusa, sem entender mais nada, e concorda balançando a cabeça. – Não está entendendo nada não é? Têm coisas sobre mim que você não sabe Annie. – Ela estava com a boca entreaberta, assustada, e ficou esperando Martin continuar. – Bem, como você pôde ver, eu apanhei... Bastante. – A voz de Martin estava um tanto trêmula. – Não sei com quais palavras devo lhe dizer isso. Mas tentarei, certo? – Martin espera Annie concordar. – Meu pai, é um tanto orgulhoso, e tem aquelas manias antigas, sabe? Um tanto machista. E tem certas coisas que ele não aceita. Inclusive coisas que eu faço. E com a ajuda da bebida, ele se altera um pouquinho. – Falo num tom irônico.
- Foi seu pai que te bateu? Por quê? – Annie estava horrorizada.
- Como eu disse, tem coisas em mim que ele não aceita, as vezes ele coloca a culpa toda na minha mãe, e logo dou um jeito de tirá-la fora da conversa, no que resulta à isso. – Martin pôs os dedos na sua boca, mostrando o corte nela. – Bom, a pior parte, o motivo. – Martin contraiu os lábios, e ficou pensativo. – Ontem à noite eu estava conversando com Larry. – Martin levantou as sobrancelhas, mostrando que só com isso não precisava explicar mais nada.
- Como? – Annie continuava confusa.
- Fui à padaria de noite, e encontrei-o, ele veio até minha casa, e meu pai viu a gente juntos, entende agora?
- Ah... Entendi. – Annie ficou pensativa, e logo soltou um olhar para Martin. – Então você e Larry...?
- Sim, nós somos homossexuais. – Annie continuou pensativa.
- Como você soube?
- Há uns anos atrás, comecei a gostar de um amigo meu, sabe? Aquelas friezas que dá, coisa e tal. – Martin mostrava que aquele assunto era indiferente para ele, mas Annie estava horrorizada com aquilo, não por ele ser gay, mas por ela ter aquelas friezas por Jordan. Não tocou mais no assunto, para Martin não perceber a sua preocupação, e ficaram em silêncio, cada um com seus pensamentos.

Não vou continuar nesse pra não ficar muito comprido. Kisses.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores